Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Os sinais da História

Pedro Correia, 01.09.09

 

Os polacos protestam contra a anunciada visita do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, a Gdansk, no Mar Báltico, para assinalar o aniversário do início da II Guerra Mundial nesta terça-feira. Húngaros e eslovacos esgrimem tensos argumentos dos dois lados da fronteira. A minoria húngara na Roménia reclama direitos que, segundo garante, não lhe são reconhecidos. O mesmo se passa com a minoria russa na Letónia. O exército turco desfila em parada para lembrar o dia em que esmagou os invasores gregos. Bascos continuam a lançar bombas para cortar os elos políticos com Madrid. Na Finlândia e na Lituânia, as recordações dos massacres soviéticos ainda ferem muitas sensibilidades. A Bélgica ameaça implodir a todo o momento, fragmentada por conflitos étnicos e linguísticos. Os Balcãs são um barril de pólvora temporariamente neutralizado. Na antiga Alemanha de Leste crescem os sentimentos xenófobos: os movimentos de extrema-direita atingem já mais de 20 por cento das simpatias dos eleitores jovens em certas cidades. Convém anotar, de passagem: Gdansk é o nome actual da velha Danzig, onde começou a II Guerra Mundial. Há precisamente 70 anos.

A Europa é uma construção política demasiado frágil para podermos adormecer confiados em sonhos de paz perpétua. Não nos iludamos: este continente em que vivemos mantém feridas mal cicatrizadas, fronteiras mal definidas, conflitos de toda a natureza que poderão reacender-se a qualquer pretexto. Quem se gaba de a Europa ser a parcela mais 'civilizada' do globo terrestre esquece que foi precisamente aqui que começaram as duas guerras mais sangrentas e devastadoras de todos os tempos. Saibamos interpretar os sinais da História.

13 comentários

Comentar post