Em 29 de Setembro de 1938, virava-se em Munique uma das mais vergonhosas páginas da diplomacia ocidental. Neville Chamberlain, então primeiro-ministro britânico, vendeu a Checoslováquia e a honra do seu país na capital da Baviera, capitulando aos pés de Hitler sem que o tirano nazi tivesse sequer necessidade de disparar um tiro. Tudo em nome “da paz honrosa no nosso tempo”, como proclamou no regresso a Londres, entre os aplausos da populaça.
A 'paz' dos pacifistas é muitas vezes apenas o caminho mais curto para a guerra: eis a principal lição dos compromissos de Munique, em que Chamberlain e o primeiro-ministro francês Édouard Daladier se vergaram à vontade de Hitler e do seu aliado Mussolini para 'preservarem' a paz. Os tambores de guerra já rufavam – eles foram os últimos a perceber.
Discursando na Câmara dos Comuns a 5 de Outubro de 1938, Winston Churchill – então o mais impopular dos políticos britânicos – advertiu Chamberlain para o enorme fiasco de Munique: “Teremos a desonra e teremos a guerra.”
Foi apupado pelos seus pares. Mas era o único a ter razão, como meses depois todos perceberam. Vai fazer agora 70 anos.