Há rosas em Belém?
Não será motivo para indignação que o “Público” tenha decidido criar uma novela destinada a captar e fidelizar leitores e manifestar quem apoia nas próximas eleições. O seu director está nesse direito (desde que o patrão Belmiro não se oponha) e o apoio ao PSD nem sequer é novidade, pois já tomara idêntica opção com Durão Barroso.
De gosto mais duvidoso é incluir a novela na secção “Política” e, intolerável, é ter escolhido para personagem principal um actor anónimo que aparece sempre de rosto tapado. Como escrevia Ferreira Fernandes ontem no DN, “assessor da Presidência que insinua um crime contra um símbolo da Nação e não dá a cara não é homem nem é nada”. Concordo. Se não serve para assessor do PR também não serve para actor de novela.
O título “Há rosas em Belém?” parecia-me mais apropriado do que aquela lenga-lenga da primeira página, com Cavaco em pano de fundo. Mas, quanto a títulos, o “Público” não anda a fazer escolhas muito felizes. É legítimo, porém, pedir um pouco mais de cuidado. Não só em relação a títulos que induzem conclusões que a leitura da notícia depois desmente, mas também ao uso do português.
Escrever “Karzai é o favorito mas vencedor pode ser só decidido na segunda volta” , não dignifica muito aquele que já foi o melhor jornal diário publicado em Portugal e até tem um Livro de Estilo onde explica qual deve ser o lugar das preposições numa frase.