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Delito de Opinião

O rating do reformismo, take 3

Paulo Gorjão, 23.01.09

O Diário Económico entrevistou Trevor Cullinan, analista para Portugal da Standard & Poor's. Cito aqui duas respostas para as quais o spin do Governo dificilmente encontrará um antídoto: "A crise [internacional] só salientou as fragilidades estruturais que sempre notámos na economia portuguesa. A crise (...) não foi o cerne da questão para esta decisão porque a divergência entre Portugal e os outros países com rating AA- é evidente. Nós esperámos para ver o impacto das reformas do Governo, mas não foram suficientes. (...) Não vimos os benefícios  esperados na reforma da administração pública e o programa de mobilidade não está a funcionar tão bem como esperávamos. As avaliações na função pública não tiveram o impacto pretendido. Talvez o Governo precise de mais tempo para implementar estas medidas totalmente, mas mesmo assim não será suficiente. Não prevemos que Portugal volte a um rating de AA nos próximos tempos. E esta redução do rating não se deve ao facto de Portugal ir falhar a meta do défice (...) um ano. Se víssemos um caminho de consolidação não baixávamos" (DE, 22.1.2009: 4-5).

Em suma, o diagnóstico é demolidor e as expectativas reduzidas ou nulas. Eis o balanço que a S&P faz da natureza reformista -- passada e futura -- de José Sócrates.

P.S. -- O PSD que poderia -- e deveria -- fazer desta matéria um assunto de primeira linha -- uma vez que, repito, toca no tema central da mensagem de Sócrates -- mantém um low profile incompreensível.

[Adenda]

Cullinan desmente muito claramente o comunicado de Teixeira dos Santos. O ministro atira as responsabilidades para a crise, mas o analista da S&P diz muito claramente que a crise não foi o factor central.

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