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Delito de Opinião

Afinal era um polvo

Sérgio de Almeida Correia, 10.07.09

Quando Margarida Sousa Uva se lembrou, aqui há uns anos, numa famosa campanha eleitoral, de recordar um belo poema de Alexandre O'Neill para pedir aos portugueses que seguissem o cherne, apelando a tão sugestiva imagem para que votassem no seu marido, certamente que não imaginava que o camarada Durão Barroso, o mesmo que nos anos de ouro do PREC quis mobilar a sede do MRPP com móveis da Faculdade de Direito, ainda viria a ser presidente da Comissão Europeia. Agora que ele se prepara para um segundo mandato, conciliando o apoio de gente tão diferente como Zapatero e Berlusconi e fazendo o pleno dos Estados membros, talvez seja mais apropriada a imagem do polvo do que a do cherne. Longe da elegância e altivez do cherne, o polvo tem aspecto gelatinoso, é viscoso, com os seus tentáculos não se importa de tocar vários instrumentos, adapta-se facilmente aos ambientes, muda de cor conforme a ocasião, e servindo de pretexto para reunir os amigos à volta de uma mesa, permite mil e um manjares, dos mais populares aos mais sofisticados. Em arroz ou à lagareiro, vendido tisnado nas feiras ou  em sushi no T-Club, aí está ele para o que der e vier. Nessa maneira de ser reside também o seu mérito. Tem, todavia, um senão. Como nem tudo é perfeito, o polvo também não foge à regra, pelo que sem dificuldade se engana e se deixa apanhar. Mas, dirão os mais fervorosos, que importa isso se tudo acabará, inevitavelmente, em lume brando?        

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