Com a graça de Deus
Barack Obama, agora o homem mais poderoso do planeta, começou o dia mais importante da vida dele com uma missa. Já no Capitólio, recebeu a bênção do reverendo Rick Warren, conhecido pelas suas firmes posições contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Prestou juramento com a mão esquerda sobre a Bíblia. Escutou nova prédica religiosa, desta vez do pastor Joseph Lowery, que foi colaborador de Martin Luther King. E no seu discurso de investidura mencionou seis vezes Deus e uma vez as Escrituras. "Esta é a fonte da nossa confiança – o conhecimento de que Deus nos chama para moldar um destino incerto", sublinhou, rematando a alocução com esta frase: "Que seja dito aos filhos dos nossos filhos que quando fomos testados recusámos que esta viagem terminasse, que não recuámos nem vacilámos; e com os olhos fixos no horizonte e a graça de Deus sobre nós, levámos adiante a grande dádiva da liberdade e entregámo-la em segurança às futuras gerações."
Nada laicista, este Presidente que a esquerda radical por cá venera e ovaciona. A mesma esquerda que o fustigaria se aqui escutasse sermão e missa cantada como escutou lá. A mesma esquerda que ainda hoje alude depreciativamente ao "católico Guterres" e é bem capaz de fulminar José Sócrates por se benzer em público. A mesma esquerda tolerantíssima.