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Delito de Opinião

Viragem à esquerda

Adolfo Mesquita Nunes, 09.06.09

Insuspeito de ter simpatias pelo PS, sou daqueles que considera que a vitória do PSD foi magra demais para um partido alternativo ao socialismo da crise, da contestação social, do desemprego e do desnorte.

 

De facto, o PSD obteve nestas eleições a percentagem de votos que tradicionalmente está reservada para o segundo classificado nas eleições. Como aqui disse, o PSD obteve sensivelmente nestas eleições as mesmas percentagens que em 1999 e em 2004 (em conjunto com o CDS e então no governo), o que me parece manifestamente pouco atenta a conjuntura política em que vivemos.

 

Não pretendo retirar mérito nem sequer importância a esta vitória do PSD, que aliás veio equilibrar o jogo político e alimentar as possibilidades de estarmos perante uma mudança de ciclo.

 

Mas pretendo, isso sim, deixar a ideia de que me parece demasiado simplista arriscar uma mudança de ciclo com base em resultados eleitorais saídos de uma eleição onde tradicionalmente se fazem sentir votos de protesto e que foram ainda manchados por uma enorme abstenção. E nessas circunstâncias o partido alternativa ao PS arrecadou apenas 31% dos votos.

 

Estes resultados legitimam - e é isso que me preocupa - que a reforma do PS deva fazer-se à esquerda e pela esquerda. Porque, na verdade, o que estes resultados demonstram é que o sistema partidário tende para a esquerda, com crescimentos eleitorais inéditos em toda a Europa. Ao contrário do que possa pensar-se, o que estes resultados autorizam não é a moderação socialista na governação mas, isso sim, o seu reforço. E isto não pode ser vitória para a direita.

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