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Delito de Opinião

Como se quiséssemos o sol todo só para nós

Pedro Correia, 11.01.14

 

Queremos mudar o mundo, queremos mudar o sistema, queremos mudar a sociedade. Tudo seria mais fácil se começássemos por mudar a nossa relação com os outros. Se adquiríssemos o talento de unir o que vemos fragmentado, de congregar o que está disperso. Se soubéssemos ir ao encontro de quem nos rodeia. Às vezes basta um gesto apaziguador, uma palavra amável, um sorriso que se rasga na face sempre sisuda. "Na superfície das coisas vê-se a essência das coisas", escreveu Saul Bellow em Ravelstein.

A sociedade, o sistema, o mundo não mudam se não começarmos por mudar também algo de essencial na nossa relação com os outros. Nos actos mais singelos do quotidiano.

Escrevo estas linhas enquanto o sol vem espreitar-me da janela: é quanto basta para sentir-me grato por este dia. Penso nos que sofrem sob o mesmo sol que me aquece e me inspira e me ilumina. E questiono-me o que poderei fazer para atenuar a angústia ou aliviar a dor de alguém. Não da Humanidade em abstracto, como me sugerem os demagogos de plantão, mas de uma pessoa em concreto.

Uma palavra, um sorriso, um gesto, um abraço, um olhar. Às vezes só isto é necessário. E somos incapazes de dar esse passo. Como se quiséssemos o sol todo só para nós.

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