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Delito de Opinião

Facto nacional de 2013

Pedro Correia, 09.01.14

CRISE POLÍTICA DE JULHO

O Governo não chegou a cair, mas abanou muito. E não voltou a ser o mesmo. Aconteceu em Julho: a crise alastrou da esfera económica para a área governativa e abalou as bolsas europeias. Com dois protagonistas: Vítor Gaspar e Paulo Portas. O primeiro partiu, o segundo ameaçou fazer o mesmo mas acabou por ficar. Numa posição aparentemente reforçada.

Foi a semana mais turbulenta do ano político, que o DELITO DE OPINIÃO elegeu em votação interna - por estreita margem - o facto de 2013 em Portugal.

Inesperadamente, Passos Coelho perdeu aquele que considerava o seu número dois: o ministro de Estado e das Finanças. Vítor Gaspar bateu com a porta, tornando pública a carta de demissão.

"O nível de desemprego e desemprego jovem são muito graves [sic]. Requerem uma resposta efectiva e urgente a nível europeu e nacional. (...) Esta evolução exige credibilidade e confiança. Contributos que, infelizmente, não me encontro em condições de assegurar. O sucesso do programa de ajustamento exige que cada um assuma as suas responsabilidades. Não tenho, pois, alternativa senão assumir plenamente as responsabilidades que me cabem", escreveu o ministro demissionário nesta carta, datada de 1 de Julho.

O primeiro-ministro não tardou a designar Maria Luís Albuquerque para o lugar de Vítor Gaspar. Mas, subitamente, Paulo Portas demitiu-se. Com carácter "irrevogável", como acentuou a 2 de Julho. Seguiram-se dias de forte tensão na coligação governativa e o espectro das eleições antecipadas chegou a pairar em São Bento. Até que Portas recuou. E Passos elevou-o a vice-primeiro-ministro, no âmbito de uma remodelação governamental.

 

Num segundo lugar muito próximo, entre os factos nacionais de 2013, situou-se a enorme corrente migratória: cerca de 120 mil portugueses emigraram no ano que terminou. As vitórias eleitorais de independentes nas autárquicas de Setembro e a manifestação de polícias nas escadarias de São Bento, em Novembro, também foram votadas, havendo ainda um voto na frustrada tentativa de cantar a Grândola feita pelo ex-ministro Miguel Relvas.

Em 2010 elegemos como facto nacional do ano a crise financeira e em 2011 a chegada da troika a Portugal.

Foto Daniel Rocha/Público

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