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Delito de Opinião

Lisboa em camisa*

Ana Vidal, 20.12.13

 

Já não aguento mais anedotas, defesas acaloradas e indignações puritanas sobre o video promocional de um escritório de advogadas de Lisboa. Deixem lá as senhoras venderem o seu peixe como sabem, podem ou sonham, deixem-nas lá tentar demonstrar a sua eficácia através de sapatos de agulha com implantes de gibóia (morta à chapada, como diria alguém que conheço com graça), mini-saias de lycra e pulseiras tilintantes de ouro chinês. Juro que não percebo como é que este assunto, que não vale um caracol, atingiu contornos de esquizofrenia colectiva. Percebo ainda menos como foi que chegou à Ordem dos Advogados em forma de queixas sucessivas. O facto, inegável, é que elas puseram o país a ver o video, a falar dele compulsivamente nas redes sociais, e, pasme-se, já chegaram até às notícias televisivas em horário nobre. Se tudo isto lhes trará novos clientes, não sei. Se esses eventuais clientes não irão ao engodo de outros serviços, atordoados pela mensagem dúbia, também não faço ideia. O tempo e o mercado o dirão, e só elas recolherão os louros da ousadia ou pagarão o preço do fiasco. Por que raio temos nós todos de nos preocupar com isso? Temos já 40 anos de democracia, caramba. Conquistámos o direito à liberdade de expressão, à liberdade de vestir ou despir o que nos apetecer, conquistámos até o direito ao mau gosto. Será que em todos estes anos ainda não conseguimos encaixar estas simples premissas?

 

(* título roubado a Gervásio Lobato, que já não se importará muito)

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