O comentário da semana
"Procurar Deus para encontrá-l'O; encontrá-l'O para sempre O procurar" (Santo Agostinho)
«Antes de ser um Livro, o Evangelho foi uma Palavra Pregada: antes de ser lido ele foi ouvido. Como Jesus tinha falado assim falaram os seus apóstolos, e estes não se contentaram em transmitir sua doutrina: acrescentaram-lhe um testemunho sobre sua vida e suas acções: "o que ele fez, o que ele ensinou", como diz o livro dos actos dos apóstolos.
Mais ainda, estes não se confinaram à Pessoa de Jesus, eles falaram e, posteriormente, escreveram também sobre João, o Baptista. Estes ensinamentos foram consigandos, parcialmente, por escrito, a fim de que fosse conservado com fidelidade.
Convém ainda acrescentar que quando se testemunha a vida de alguém quase sempre se é tentado a usar a nossa própria vivência, criando uma certa identidade com o autor, a fim de que tais Palavras se tornem compreensíveis e sempre correspondentes (aplicáveis) a um tempo presente.
- MATEUS, cujo verdadeiro nome é Levi, colector de impostos antes de ter sido chamado por Jesus, redigiu seu evangelho em aramaico, segundo uma antiquíssima tradição, pelo ano 60. Este texto, que não foi conservado, foi depressa traduzido em grego. O tradutor, em certos lugares, parece que se serviu do texto de Marcos;
- MARCOS é o sobrenome de João, primo de Barnabé, do qual se fala no livros dos Actos 12, 12. É um discípulo de Pedro e companheiro de Paulo em sua primeira viagem missionária. Seu evangelho representa uma apanhado dos ensinamentos de Pedro em Roma, pouco antes de 64. A minúcia de alguns detalhes indica-nos-nos que há nele um testemunho directo da vida e da actividade de Jesus.
- LUCAS é de origem grega. É também companheiro das missões de Paulo, aquele mesmo que escreveu os actos dos apóstolos pouco antes de 68. Seu evangelho é, pois, anterior a esta data. Embora não tenha sido ele testemunha ocular dos acontecimentos, seu livro é digno de crédito pelo cuidado posto a documentá-lo. Ele utilizou certamente o texto de Marcos e o de Mateus.
- JOÃO, este evangelho deve ser apresentado à parte, e pelo seu conteúdo revela-nos a necessidade de transmitir uma outra dimensão ao autor da inspiração, Jesus. Já escrevi sobre isto e remeto para anteriores partilhas tal escrito.
Os ensinamentos de Jesus não se comprovam por meras ciências e estudos, mas por experiência. Experiência esta que, não sendo mensurável por nenhum meio de diagnóstico científico, observa-se pela transformação que opera no ser.»
Excerto de comentário do nosso leitor Vento. A propósito deste texto do Rui Rocha.
Quadro: A Ceia de Emaús, de Rembrandt (1648)