Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Delito de Opinião

Livros de cabeceira (22)

jpt, 10.11.13

 

Sítio de cabecear, assim de nunca trabalho. E quanto menos ando a ler mais os livros aqui apostos, alguns trazidos por mero fastio e depois aboletando-se, outros para rever só umas poucas páginas e depois esquecidos, também ideias a médio prazo tornadas quase projectos de vida, mais aqueles vários que percorro em simultâneo, e uma ou outra escassa novidade, nisto tornando-a verdadeira mesa de cabaceira.  Os malambes d'agora:

 

"Memórias de um caçador de elefantes" (com 32 fotogravuras) de João Teixeira de Vasconcelos (Porto, Maranus, 1924) com prefácio de Raúl Brandão, com longa dedicatória manuscrita do autor para o meu avô materno, seu amigo, a história de um caçador de elefantes pós-1914 em Angola (vou no planalto de Mazenquele), vista sob o prisma da época, o da grandiosidade épica da caça. A seguir, à espera de entrar, o recente de Ungulani Ba Ka Khosa, "Entre as Memórias Silenciadas" do qual me chegam veementes elogios. Atrás o "Odisseia", dito de Homero, tradução de Frederico Lourenço, que releio com olhos de ler (a acabar até ao final do ano); o "Rosa do Mundo. 2001 Poemas Para o Futuro", a oferta final do excelente Hermínio Monteiro, que aqui vive pois gosto das cosmogonias nele coleccionadas; o "O Escritor-Fantasma" de Zoran Zivkovic, uma delícia, e também porque o primeiro livro que a minha filha me ofertou, narrando um escritor viciado na troca e-mails, uma fantástica intuição dela nos seus 10 anos, filha de blogomaníaco, e que aproveito agora para arrumar. Também "A Biblia Sagrada contendo o Velho e o Novo Testamento", autoria colectiva (por vezes dita divina), "traduzido em portuguez pelo padre João Ferreira D'Almeida" (Lisboa, 1877), exemplar de um meu bisavô patrilateral, 1252 páginas em pequena letra que me prometi ler até aos 50 anos, que não posso continuar a conhecer apenas o Genesis. No topo traseiro o "O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote da Mancha", de Miguel De Cervantes, tradução de Daniel Augusto Gonçalves, uma saborosíssima releitura (que acompanha a minha tentativa de escrita de um artigo sobre antropologia e Portugal a que chamo "Sendo Sancho Pança"). Sob ele está outro residente de longo termo, também vagorosa releitura, "As Quybirycas" de Iohannes Gabaratus (aliás António Quadros), um poeta gigante que o engraçadismo português faz por esquecer (deixo "ligação" para alertar à urgência da sua leitura). No canto direito, em acções mais curtas, estão "O Que Diz Molero" de Dinis Machado, para reler que só o li quando miúdo, então acabado de publicar (edição Círculo de Leitores) e que me deixou uma belíssima memória; "A Ilustre Casa de Ramires" de Eça de Queirós, que chegou ontem para uma tetraleitura que com toda a certeza não terminarei, pois também não interessa, bastará fruir o encanto; "O Falador" de Vargas Llosa já terminado e recomeçado, um não excelente livro mas dedicado à antropologia, daí o recomeço a ver se dele faço algo. E no cimo "Gente Pobre" de Dostoéivski, uma tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra. Casal o qual, nas suas múltiplas versões, reside constantemente nesta cabaceira.

 

O "Na Minha Morte", de Faulkner, quase concluído, estava aberto em cima da cama, esquecido ficou na fotografia de grupo. Paciência, não se tivesse atrasado.

19 comentários

Comentar post