Francisco: eis o homem
Têm razão os mais ortodoxos quando referem que Francisco não mudou nada no essencial das posições dogmáticas da Igreja Católica, nomeadamente no que diz respeito às questões ditas fracturantes. O que temos é uma mudança radical de atitude, que não nos princípios. Não questionando de momento o essencial do ponto de partida, Francisco revaloriza o ponto de chegada. O Papa que pergunta, o Papa que acolhe, o Papa do exemplo da humildade sobre a ostentação, da valorização do perdão sobre a condenação, o Papa da compaixão ainda e sempre, mesmo e sobretudo para os que não escolheram o caminho que a Igreja Católica prega. O Papa dos tresmalhados, dos desiludidos, dos esquecidos, dos doentes, dos pecadores, dos perdidos, dos imigrantes, dos sem pátria, dos inocentes. O Papa a quem o míudo quer roubar a cadeira. O Papa que abraça e beija os disformes. Este é um Papa próximo de Cristo e pouco ou nada preso à norma teológica. O risco é evidente. Francisco pode vir a ser o exemplo humano e vivo da viabilidade de um último reduto de redenção e de esperança das mulheres e dos homens. Todavia, é possível acreditarmos em Francisco sem que nos seja urgente redimirmos a Igreja Católica. Como se Francisco estivesse aqui para nos recordar que Cristo veio primeiro e só depois vieram a(s) sua(s) igreja(s).