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Delito de Opinião

Europeias (40)

Pedro Correia, 03.06.09

 

PCP: SAUDADES DO COMECON

 

Li o programa do Partido Comunista Português às eleições europeias.

 

Principais propostas:

- Defesa de uma Europa de estados soberanos e iguais em direitos

- Rejeição do Tratado de Lisboa

- Suspensão imediata do Pacto de Estabilidade

- Medidas contra a deslocalização de empresas

- Direito de veto de cada país membro no Conselho Europeu

- Controlo por parte de cada estado do banco central nacional e da política monetária

- Orçamento comunitário reforçado

- Profunda reforma da Política Agrícola Comum

- Adopção de todas as línguas nacionais como línguas oficiais de trabalho na UE

- "Rejeição da militarização da UE"

 

Comentários:

1. O PCP peca por excesso onde outros pecam por defeito. Só por devoção comunista alguém lerá as 23 compactas páginas deste programa eleitoral (eu sou a excepção que confirma a regra). Um manifesto exagero.

2. Dei-me ao trabalho de contar: os comunistas mencionam 25 vezes o termo soberania neste programa. Uma expressão em tudo contrária ao internacionalismo de que o PCP se reclama.

3. O PCP proclama reiteradamente a sua aversão ao 'federalismo' europeu. É curioso: no tempo da defunta URSS, que aglutinava cerca de duas dezenas de repúblicas espalhadas por um sexto da superfície terrestre do planeta, jamais me apercebi de que os comunistas fossem contra o 'federalismo'.

4. Usa-se e abusa-se aqui do jargão próprio para arengar aos convertidos - 'políticas de direita', 'crise do capitalismo', 'recuperação monopolista', 'natureza de classe', 'ofensiva neoliberal' - que nada diz à generalidade dos eleitores, eternamente por converter.

5. O PCP não esconde a sua profunda aversão ao projecto europeu em que Portugal se integra. E chega ao ponto de considerar que "a adesão de Portugal à CEE/UE foi e é uma peça fundamental no processo contra-revolucionário português". Apetece perguntar se os dois deputados que o partido mantém no Parlamento Europeu também se inserem neste "processo contra-revolucionário". Já agora, outra perguntinha: em 1986, em vez de termos aderido à 'capitalista' CEE, deveríamos ter antes aderido ao Comecon?

6. Os comunistas insurgem-se contra a "utilização e produção de armas nucleares". Estarão a pensar na Coreia do Norte?

7. Em momento algum deste extenso programa o Partido Comunista justifica aos portugueses a manutenção da sigla CDU, fruto da 'coligação' com o inexistente partido Os Verdes, que jamais concorreu de forma autónoma a uma eleição.

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