O soldado disciplinado e leal.
Se há uma coisa que me choca profundamente na actual classe política é a falta de convicções da maioria dos seus membros. Pessoas que convictamente defendem uma solução depois chegam ao Parlamento e ao Governo e vêm fazer absolutamente o contrário, baseando-se apenas no servilismo em relação ao chefe. O caso de Pires de Lima é particularmente elucidativo: vindo do sector privado onde tinha feito sucesso, foi feito ministro de uma pasta onde era vital que conseguisse dar um novo ímpeto à economia. Para isso, no entanto, era imprescindível que o deixassem aplicar as suas ideias e implantar o seu programa. Pires de Lima acaba, porém, por confessar que no governo, os que o julgavam um general estavam enganados. Não passa de um soldado raso "disciplinado e leal". E por isso nem sequer consegue, contra todas as expectativas, baixar o IVA da restauração, sendo assim manifesto que nada está a fazer na pasta da economia. Pires de Lima parece assim o soldado da guerra do Solnado que diz ao capitão que tinha feito um prisioneiro, mas quando lhe perguntam onde ele está, responde que "não quis vir". Se de facto a influência de Pires de Lima no governo é zero, cabe perguntar por que razão se mantém no cargo.