O comentário da semana
«Uma coisa é aprender a mexer cada peça, outra diferente é saber jogar xadrez, mesmo que se decorem umas aberturas empiricamente.
Essencialmente tratou-se de um assunto político mundial, onde há um senso comum óbvio - devemos ter cuidado com o excesso de poluição, e não apenas atmosférica.
Algo completamente diferente, e isso fez/faz parte de uma agenda política que mascarou factos científicos, será pensar que o aquecimento se deve apenas à poluição.
Falta aí na lista, o próprio ciclo terrestre, que tem a ver com oscilações de órbita, por exemplo do eixo de rotação. São conhecidos ciclos de centenas de anos (aprox. 500 anos), que nos atiraram para uma pequena "idade do gelo" desde o Séc. XVII, saindo de um "pequeno verão" do fim da Idade Média.
O século XIX, início da poluição industrial massiva, foi dos séculos mais frios de que há registo, os gelos chegaram a ligar o estreito de Bering, havendo até notícias de exploradores que se propuseram a passar a cavalo.
As Passagens Noroeste e Nordeste foram classificadas como impossíveis de travessia por causa do gelo compacto. Amundsen apenas passou no Séc. XX com quebra-gelos.
No entanto, desde Melgueiro, a muitos outros exploradores portugueses anteriores, essas passagens foram feitas no período quente em que havia maior degelo. O gelo depois impediu a passagem e os registos foram ignorados, também por outras razões de encobrimento estratégico.
Tirando o caso de Veneza, que se está a afundar no pântano veneziano, a maioria das cidades históricas afastou-se significativamente da costa.
Em Portugal, basta ver o caso de Alfeizerão ou Atouguia da Baleia, que chegaram a ser grandes portos. Do lado oposto, não há nenhuma cidade histórica que tenha sido ameaçada por avanço águas, os centros são interiores, e a zona portuária foi-se afastando na maioria dos casos (ex: Roma, Atenas).
Houve um recuo de águas, não apenas por mão humana, e o caso holandês, de ganhar terrenos, não teria sido possível sem esse arrefecimento.
É claro que agora, seria natural o aquecimento... e toda a falta de planeamento que levou à construção no limite costeiro corre risco. Há assim uma certa vontade de manter a Terra nessa pequena idade do gelo, de que deveria sair agora naturalmente, mesmo sem poluição...
Portanto, houve conveniência de muitos actores em misturar ciência com política, para prejuízo da clareza do problema. Esse tipo de ilusões informativas pode fazer ganhar algum tempo, mas fica aprazado.»
Do nosso leitor da Maia. A propósito deste texto do João André.