Maus hábitos jornalísticos
No caso do acidente ferroviário em Espanha, aquilo que mais me incomoda é a forma como a vida do condutor tem sido completamente devassada pela comunicação social. Ainda antes de se saber o que tinha sucedido (além da existência de muitos mortos) já se sabia quem era o condutor, que idade tem, que tinha colocado uma foto na sua página do Facebook, etc. Perante o tratamento dado ao caso pela comunicação social, é normal que o público tenha reagido como uma turba raivosa com ganas de enforcar o condutor da árvore mais alta da Galiza.
Neste aspecto não seria de desdenhar o hábito que eu vejo na Holanda. Perante um acusado de um crime, a comunicação social dá habitualmente o primeiro nome e a inicial do apelido, desfocando sempre as fotografias em que ele (ou ela) apareça. A lógica é simples: se a pessoa for considerada inocente (ou mesmo que cumpra pena e depois saia em liberdade), é importante que possa voltar a ter uma vida normal. Como tal, faz sentido que a sua identidade seja mantida em segredo.
Não sei se é um compromisso dos media ou uma determinação legal. Para bem da justiça, no entanto, seria bom que fosse adoptado (pelo menos) em Portugal.