Logo à noite estarei em El Paso
Há uma ponte a dividir dois mundos. De um lado, território dos Estados Unidos - estamos em El Paso, cidade aparentemente pacífica, com apenas meia dúzia de homicídios por ano. Do outro, o inferno na terra: Ciudad Juárez, já no México - a povoação mais perigosa do planeta, onde as malhas do crime ditam a lei. Em 2009, cerca de 2600 foram aqui assassinadas.
Há uma ponte. E, nessa ponte, um cadáver. Precisamente a meio da ponte. Há pontes que unem, mas esta separa. E até o cadáver, ao contrário do que se julgava, vem separado.
O assassínio da juíza cometeu-se de que lado da fronteira? Esta é uma das incógnitas que ficam a pairar desde os instantes iniciais, numa atmosfera nocturna (The Bridge, com reminiscências óbvias do film noir, é uma série inseparável da noite, ameaçadora e viscosa). Outra incógnita relaciona-se com a vida dupla do passageiro da ambulância que fura o bloqueio policial: que mistérios se ocultavam sob a sua verdadeira identidade?
É um policial, claro. Mas parece muito mais que isso: basta olharmos pela primeira vez o rosto magoado da detective Sonya Cross (Diane Kruger), que já viu demasiados corpos vitimados pela violência gratuita ao longo do seu percurso profissional. Entender-se-á ela com Marco Ruiz (Demian Bichir), o seu inesperado parceiro mexicano na investigação do crime, um homem de quem aparentemente tudo a separa?
The Bridge conquistou-me à primeira vista: raras séries o conseguem. Tornei-me espectador fiel. Mais logo, na Fox, são transmitidos, em dose dupla, o primeiro (em repetição) e o segundo episódios.
Não quero saber da crise política nem dos comentadores encartados que falham todos os prognósticos, serão após serão: logo à noite estarei em El Paso.