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Delito de Opinião

Esse supremo luxo

Helena Sacadura Cabral, 18.07.13
Hoje tive saudades. De quê, perguntarão. De um tempo lá muito para trás, em que eu era pequenina.
Não sou saudosista, tenho-o dito imensas vezes. O passado, bom ou mau, ficou arrumado e só muito raramente volta à superfície.
Mas esta tarde, o cheiro da alfazema lembrou-me a casa dos meus avôs maternos e a imensa ternura que sempre recebi deles. Era uma casa sem luxos, mas cheia de amor e de alegria.
No começo do verão as roupas eram postas a arejar e arrumadas de novo entre saquinhos de alfazema que as perfumavam até serem usadas. E quando as camas eram feitas de lavado, aquele odor de campo enchia os nossos pulmões. Foi essa acalmia, essa bonomia de um tempo que apenas se desenrolava entre cheiros e risos despreocupados que, de repente, recordei. 
Tenho alguma pena que essa forma de vida já não exista e que, ao contrário, a crispação e a agressão verbal sejam o nosso quotidiano. Agora a voracidade da vida é tal que já nem sequer sabemos o que é esse supremo luxo de perder tempo...

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