Marketing infernal
Segundo notícia do Público, os tradutores do novo livro de Dan Brown, Inferno, estiveram essencialmente encarcerados numa cave durante dois meses a traduzir a obra. A explicação é a tradicional: a pirataria. «Estamos numa época de pirataria e em que os editores querem vender livros» foi a epifânia pessoal que Brown nos transmitiu. Sem querer entrar (ainda) na questão da qualidade, a verdade é que o livro estava provavelmente disponível para download à borla cerca de 30 segundos após ser colocado à venda. A sinopse do livro na Wikipédia ficou completa pela primeira vez às 22:07 do dia 15 de Maio, dia seguinte ao lançamento. Qualquer história sobre sigilo e protecção contra pirataria não é mais que treta. Ou, noutra palavra, marketing.
Por outro lado fiquei impressionado com a passagem relativa aos comentários da tradutora francesa:
Carole Del Porte, tradutora francesa do livro, disse à revista italiana Sorrisi e Canzoni em Abril, depois de terminada esta operação, que aqueles dias lhe permitiram mergulhar completamente no trabalho de Dan Brown. “Foi uma experiência única e fantástica. Não tinha nada com que me preocupar e pude concentrar-me no meu objectivo: conseguir a melhor tradução possível para os leitores”, disse.
Ou seja, não só parece que gostou de ter ficado presa, também parece ter gostado do livro. Cá para mim, aquilo que lhe fizeram foi lavagem ao cérebro. Ou pagaram-lhe uma batelada para participar desta operação de marketing. Quanto à qualidade, só lendo, mas vendo pelos anteriores, o título pode muito bem referir-se à experiência de quem leia o livro.