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Delito de Opinião

A política é um jogo em que Passos e Portas fazem tudo errado e no fim quem perde é o Tó Zé

Rui Rocha, 07.07.13

Assistimos, na passada semana, a um triste espectáculo político em que Passos e Portas fizeram tudo errado. Do primeiro-ministro fica a ideia de uma total falta de capacidade de liderança. Essa é a conclusão que se pode tirar da carta de demissão de Gaspar. Isso é o que resulta de toda a trapalhada que veio a público a propósito da demissão de Portas. Que tipo de líder permitiria que uma situação desta natureza derrapasse para a opinião pública como sucedeu nesta crise? Já no que diz respeito a Portas, o que fica são as ruínas de toda a credibilidade que pudesse ter. A partir daqui, é praticamente impossível construir qualquer proposta política sobre uma reputação tão arruinada. Todavia, o jogo político tem particularidades verdadeiramente surpreendentes. Numa espécie de tacada às três tabelas, a verdade é que António José Seguro acaba por ser um dos mais prejudicados pela tempestade. Vejamos. Se  há coisa que ficou clara para os portugueses, é que a instabilidade política pode trazer consequências desastrosas. Bolsa a afundar, juros da dívida a dispararem e ameaça de descida dos respectivos ratings pelas agências de notação. Durante a crise, Seguro apostou na irreversibilidade da queda do governo e cavalgou estes sinais. Sabe-se agora que foi um tremendo tiro no pé. Se, como tudo indica, a situação política estabilizar nos próximos tempos, os mercados recuperarão, num claro sinal de que é preferível o mau conhecido do que o bom por conhecer. Neste contexto, com que cara continuará Seguro a forçar o cenário de eleições antecipadas, situação que trará evidentemente uma ameaça de instabilidade, até porque não é claro que do acto eleitoral resulte um cenário de clarificação? É óbvio que Passos Coelho e Portas serão duramente punidos em próximas eleições. Mas é também certo que a percepção generalizada é agora a de que é preferível que prolonguem tanto quanto possível o governo que detém o mandato para a actual legislatura. É neste contexto que Passos se assemelha cada vez mais a um Forrest Gump da política portuguesa. Sem qualidades que permitissem prever qualquer tipo de sucesso, lá vai andando. Quanto a Seguro, fica cada vez mais claro que é alguém a quem os portugueses só recorrerão por absoluta falta de alternativa e como solução de último recurso. Para quem esteve tão perto de chegar ao poder durante a passada semana, a lição política que fica pode ser resumida numa célebre frase do próprio Forrest Gump: a vida é uma caixa de bombons e nunca se sabe o que está lá dentro.

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