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Delito de Opinião

A minha (pouco profética) leitura da situação

João André, 03.07.13

Vítor Gaspar recebeu há algum tempo uma belíssima oferta para algum lugar de administrador no BCE. Comunicou isso aos chefes (a troika, para não haver dúvidas) e eles disseram-lhe que tinha que se manter até agora. Se o PM e o PR o sabiam ou não é indiferente, é tão má uma situação como a outra.

 

Depois da sua saída, Portas viu a possibilidade de ganhar peso no Governo. Passos Coelho, que tem favores a pagar (gostava de saber a nota na cadeira de Albuquerque), escolheu outra pessoa. Portas viu aqui a possibilidade de fazer cair o governo sem ficar mal na fotografia (o CDS/PP não abandonou o governo, note-se) e saltou fora para começar o processo de desvinculação e de limpeza de imagem.

 

Passos Coelho, cujas únicas qualidades políticas são a paciência e a vontade de ir à luta, foi aconselhado a não morder o isco. Primeiro recebeu a garantia de Cavaco que de Belém não haveria chatices (é época de ameixa e cereja, o Sr. Silva está ocupado), depois recusou-se a aceitar a demissão e fez uma queixinha ao país. o mais notável, para mim, da comunicação foi o ênfase dado a «Presidente do CDS/PP», como que a nomear o partido responsável pela crise. Agora, aquilo que Passos Coelho está a fazer, provavelmente com a ideia dada por Cavaco Silva, é esperar que os partidos da esquerda lancem uma moção de censura, o CDS/PP vote a favor (ou dê liberdade de voto), o governo caia, e os eleitores penalizem os responsáveis pela brutal subida das taxas de juro e agravamento da crise para eleger o PSD com maioria absoluta.

 

Como o Luís e o Rui já explicaram perfeitamente, estamos entregues a políticos que não querem saber dos seus cidadãos. Cada acção é vista como a nova jogada política para aumentar a sua influência. Isto vale para o governo e para a oposição. Este Presidente da República é pouco mais que um espantalho e o PM sabe que nunca mais terá outro cargo político. Numa política de terra queimada deste tipo (ou de "après moi, le déluge") a coisa não vai acabar nada bem.

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