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Delito de Opinião

O comentário da semana

Pedro Correia, 30.06.13

«Quando se fala de greves e da estabilidade no emprego, onde está a minha estabilidade? O Estado garante à minha empresa o rendimento mensal necessário para pagar salários (primeiro), ao Estado (segundo) e aos fornecedores (terceiro) para ver se, no final de tudo, sobra alguma coisa.
O Estado garante-me as noites mal dormidas porque alguém se atrasou nos pagamentos e agora não sei a cinco dias do fim do mês onde vou desencantar dinheiro para pagar IVA, Segurança Social e os ordenados?
Fala-se dos Ferraris (como disse) e dos empresários que, tal como uma caricatura, devem ser anafados e de charuto. De ser fácil não ter de respeitar horários ou ter um "patrão". Mas não se fala do peso na consciência de o negócio não andar tão bem quanto devia (quando acontece...) e ter-se 10 ou 20 ou 30 pessoas que sabemos que podem ficar mal de um momento para o outro e a responsabilidade é nossa (mas ainda quando, em muitos casos, ou se despedem todos ou não se consegue despedir nenhum, mesmo que a empresa afunde).
O Governo fala de "contribuintes cumpridores" e não perdoa um dia de atraso no recebimento de impostos ou contribuições para a SS. Mas devolver IVA não é com ele e quem o pede ainda se arrisca a ser inspeccionado pelas finanças porque - suponho - se tem lucro e a empresa é pequena, deve estar a fugir ao fisco (se for grande isso não se põe, obviamente).
Custa, custo muito a "prisão" de ter uma empresa, de não se poder pura e simplesmente mandar tudo às malvas - porque temos pessoas que dependem de nós, porque a empresa é uma parte forte de nós, porque, se calhar, até já é um legado familiar. Tem de se aguentar, de lutar dia-a-dia contra o desânimo, contra o Estado, contra alguns clientes que de honestos têm pouco (mas nada lhes acontece), contra os senhores sindicalistas (e os senhores políticos na televisão) a falarem do que não sabem, do que nunca viram ou do que já esqueceram - esses sim bem resguardados das agruras da vida.»

 

Do nosso leitor Carlos Duarte. A propósito deste texto da Patrícia Reis.

 

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