De cara descoberta e em pé
É, desde já, uma das imagens icónicas do ano: um jovem de camisa clara e calças escuras, mãos nos bolsos e olhar fixo num retrato descomunal de Atatürk, o fundador da Turquia moderna. Em silêncio num mundo cada vez mais dominado pela vozearia. Em pé, contrastando com as legiões contemporâneas de cidadãos acomodados. Uma espécie de estátua viva à desobediência civil através do mais inesperado dos gestos: o que contesta a força bruta sem exaltação nem agressividade.
Como se lhe bastasse a força da razão. E basta.
Esteve assim na segunda-feira durante oito horas este homem, chamado Erdem Gündüz e coreógrafo de profissão. Na praça Taksim, epicentro de todos os protestos na maior cidade turca.
Uma original forma de luta logo copiada por centenas de turcos - em Istambul, Ancara, Antália e outras cidades. Um exemplo de dignidade, carregado de simbolismo.
A imagem substitui todas as palavras neste admirável símbolo de resistência cívica, digno de um Gandhi ou um Luther King.
De cara descoberta e em pé, num orgulhoso desafio às forças da desordem. Outros ocultam-se e rastejam: quem tem força moral não.