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Delito de Opinião

O exame

Patrícia Reis, 18.06.13

o exame

O miúdo sabe de Pessoa. Até sabe mais que muitos, já foi à Casa Fernando Pessoa, já disse alto e bom som para um mini filme uma carta que o poeta terá escrito a Ofélia, uma carta que começa com bebé, meu bebezinho. O miúdo sabe e, por isso, não hesita, ataca o exame a pensar que depois é o futuro. Seja ele o que for. Nem pensa na nota de português ou na injustiça da nota de português, pensa nos heterónimos e de como gosta de Álvaro de Campos. Não se lembra se leu ou não o Ano da Morte de Ricardo Reis, talvez sim. A sua caneta anda tão depressa quanto a sua mão o permite. Felizmente não faz parte do lote dos 22 mil alunos que não conseguiram fazer o exame. Para ele é um alívio. Está cansado. Cansado da pressão, do secundário, de dar descontos a este ou aquele. Quer crescer, mesmo sabendo que crescer é difícil.

 

A prova, mãe? Era difícil, devo ter um 17.

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