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Delito de Opinião

Notas sobre as eleições no Irão

Rui Rocha, 16.06.13

A primeira nota muito relevante das eleições no Irão diz respeito ao nível de participação. Depois dos acontecimentos traumáticos de 2009, uma abstenção na ordem dos 25% (apenas) significa uma vontade profunda dos iranianos de não cederem a qualquer tipo de intimidação e de terem uma palavra na condução política dos destinos do país. A segunda nota sublinha a vontade de mudança. A escolha à primeira volta de Rohani é, antes de mais, um claro sinal para Khamenei e Amhadinejad que se conjuga com o pobre resultado obtido pelo candidato da linha radical Saed Jalili. A terceira nota é, todavia, de cautela. Khamanei continua a deter o poder efectivo no país. De tal forma que a pergunta que deve fazer-se é se o resultado destas eleições não acaba por ir ao encontro das suas intenções. A repressão de 2009 deixou profundas cicatrizes na sociedade iraniana. A eleição de um moderado, sem que todavia tenha margem de intervenção significativa, pode constituir-se como uma válvula de escape que permite transmitir uma ideia de mudança, mantendo-se o essencial na mesma, ao mesmo tempo que se renova a legitimidade do regime. Com a vantagem adicional de retirar da cena internacional e das relações com  os EUA a carga emocional protagonizada por Ahmadinejad da qual resultava, em última análise, uma justificação para os defensores de uma linha dura do lado americano.

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