Névoa
Hoje nem a literatura. Todos os livros neste dia são nós na goela. É dó do escritor que eu sinto, como se o cansaço do seu esforço fosse todo meu e as penas expostas junto às minhas, quase sobrepostas, me amortalhassem mais ainda, e o riso não existisse. Que tortura olhar o texto, montanha minada de silvas, horas e horas sobre um poço onde nunca se mata a sede. Haviam de queimar todos os livros hoje. De agrilhoar todos os escribas agora. E as palavras só deviam ser faladas, para que todos as ouvissem já.
foto Gui Mohallem