"Magrebinos"
Carlos Abreu Amorim, bloguista no Blasfémias e político, é um andrade. No twitter celebrou (mais um ...) título do seu clube e chamou-nos, aos adeptos do Benfica e de clubes do Sul (um Sul tão próximo, já agora), "magrebinos", termo com requebros de particular perversão pois denotando maior "estrangeirice" do que o habitual "mouros", dado que estes chegaram a povoar a Península e, por vezes, ainda "andam pela costa".
A reacção, à esquerda e à direita, a sul e norte, ao facebook e aos blogs, foi abespinhada. Inúmeros ademanes adversos ao "muro do Mondego" assim proposto, ao que pareceu. CAA já veio lamentar que lhe tenham descontextualizado o dito, que diz ter sido qualquer coisa como "piada infeliz". Presumo que o fez por ser político, de não se sentir em situação de enfrentar coros alheios, má propaganda, por motivos destes.
Mas o óbvio é que são reacções toleironas. De gente incapaz de entender o registo de "invectiva" no futebol, jocosa, pacífica, o cutucar fraterno, amigável, social. Um registo que, mesmo que às vezes exasperante (nas super-derrotas), não vale pelo seu valor "facial", aparente, pois "faz parte" da festa comum, da comunhão. E que assim é entendida no contexto.
Desentendem isso os marginais culturais, os "sobre-futebolizados", essa figura vazia do "holigão" que inverte esse registo e parte para a real confrontação. E, pelos vistos, outros marginais culturais, nichos de vozes públicas. Também elas "sobre-futebolizadas". Incapazes de entender o que as rodeia. Mas perorando, claro.
Ao ler sobre o "affaire CAA" não pude deixar de me lembrar da cena que acima coloco, uma pérola, um cume de reflexão. Não será exactamente o mesmo caso de entre-identidades, assim constituídas, mas com toda a certeza que uma ligeira transposição poderá esclarecer os esclarecíveis.
[Em nota, antevendo comentadores mais mal-dispostos. Não conheço CAA. Sei que é candidato à câmara de Gaia, processo no qual é apoiado por Luís Filipe Menezes, que o anunciou como seu "único verdadeiro herdeiro". Basta-me esse apoio para lhe desejar, sinceramente, o insucesso eleitoral. E, para além disso, que mantenha o seu humor.]