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Delito de Opinião

Precisávamos tanto de ser salvos e o melhor que arranjámos foi o Carlos Abreu Amorim

Rui Rocha, 11.05.13

Estávamos todos desesperados por ser salvos por Carlos Abreu Amorim. Carlos Abreu Amorim não é um pássaro. Nem é o super-homem. É um porta-aviões. Que estacionou ao largo da nossa democracia, ali por alturas de Angeiras, e está prontinho para nos resgatar. Há políticos com espessura. Carlos Abreu Amorim tem volume. Há políticos com sentido de estado. Calos Abreu Amorim é um estradista. Meu Deus, os quilómetros que este homem não terá feito entre Viana onde foi eleito deputado e Gaia onde se candidata a já nãoseibemoquê. Há políticos abrangentes. Carlos Abreu Amorim é espaçoso. Há  políticos com faro. Carlos Abreu Amorim tem tacto. E eu sou um piano de cauda. Há animais políticos. E há Carlos Abreu Amorim. Se Carlos Abreu Amorim  podia ter prolongado uma enormíssima carreira em alguma das menos prestigiadas instituições universitárias do país? Se podia ter guardado a exclusividade da sua inigualável veia de contorcionista para as águas profundas de um escritório de advogados tripeiro, fazendo ouvir, esporadicamente, a sua voz tronitruante na barra de um Tribunal de Paredes ou de Gondomar? Podia. E seria exactamente a mesma coisa. Na academia, na barra ou até num ancoradouro. Carlos Abreu Amorim seria igual a si próprio, variando conforme as circunstâncias, sempre com a mesma convicção, falando de cátedra sobre o estilicídio, o produto interno bruto (não podia ser outro) do município de Móstoles nos arredores de Madrid ou um par de botas e respectivos cordões. Hoje com o tiroliroliro, amanhã com o tiroliroló, sempre a bombar na concertina. Estávamos desesperadamente a precisar de ser salvos por Carlos Abreu Amorim. O problema é que não sabíamos e continuamos a não saber. Desgraçadamente, a oportunidade vai perder-se por falta de colaboração da nossa parte. É sempre assim neste país. Agora, só há uma possibilidade de Carlos Abreu Amorim cumprir o seu fabuloso destino. Pode sempre doar a coluna vertebral à ciência e as cordas vocais à coerência.

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