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Delito de Opinião

6% baralha e volta a... tirar

Marta Spínola, 18.04.13

É puxar a brasa à minha sardinha, pois é. Estou desempregada e vejo este yo-yo da que já não é fortuna nenhuma. Se o meu coração, por este e outros motivos, sobreviver a 2012/13 podem estudar-me.

Ainda não foram passados os valores a partir dos quais se manterão os 6%, mas provavelmente serão os que nunca se imagina que as pessoas recebam, os que rondam os 400 euros.

Estou irritada, não vejo futuro para mim por cá, e também não sei bem como fazer para me ir embora. Acima de tudo ainda não o queria fazer. Porque irei sozinha, porque estarei sozinha. Não me atrapalho sozinha em muita coisa, mas ir passear a Roma sozinha, viver cá sozinha, pagar as minhas contas sozinha, é uma coisa, fazer a vida toda noutro lado, é outra. Sou optimista regra geral, mas neste caso obrigo-me a refrear-me, não dar um passo maior que a perna.

Tenho capacidades, não tenho medo de trabalhar, mas no cv vão os meus 36 anos e essas qualidades talvez fiquem para trás, não sei. Sei que ninguém responde, nem mails automáticos (já não se usam? Eu preferia-os ao vazio). 

Desde que fiquei sem emprego já passei por várias fases. Mas uma constante é sentir que tenho muitos deveres e poucos direitos, a sensação é a de que vivo de um favor do Estado. Constantemente. Felizmente as pessoas que me passam esses deveres e cumprem (formadores, atendimento) mostram-se compreensivas com quem está do lado de cá, seria insuportável de outra forma. 

Custa, não se pense que é viver à sombra da bananeira. Sabem-me bem os primeiros dias de sol, poder aproveitá-lo. Experimentei fazer coisas que fui adiando enquanto trabalhava, pude fazer babysitting e não o trocava por nada. Mas custa bastante ser diariamente confrontada com a situação, com os 6% que afinal eram meus mas agora já não. Custam os olhares de pena e segue a vidinha (prefiro que a sigam logo), custam as não respostas, custa o subsídio comparado com o que se recebia a trabalhar. E custa-me ser só um número, isso é o que me custa mais. 

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