No tempo de D. Carlos, por muito menos que isto Mário Soares teria sido deportado
Deixando de lado considerações sobre a clarividência actual (ou falta dela) de Mário Soares, talvez seja oportuno recordar que afirmações deste teor, se proferidas na fase final do reinado de D. Carlos a propósito dos responsáveis políticos de então, teriam como consequência mais provável, nos termos do Decreto de 30 de Janeiro de 1908, a expulsão ou a deportação para alguma das colónias:
No dia 30 de Janeiro, o ministro Teixeira de Abreu foi a Vila Viçosa submeter à referenda régia um decreto que previa a expulsão do País ou a deportação para as colónias de África e Timor dos alegados implicados em conspirações ou delitos contra a segurança do Estado, «quando os interesses superiores do Estado assim o aconselharem». "O ministro regressou no dia 1 de Fevereiro, de madrugada. O decreto foi logo impresso; circulava pouco depois, entrando logo em vigor." (in História do Regimen Republicano em Portugal) Com este decreto, obtém o governo de João Franco do rei um instrumento de violenta repressão administrativa sobre os seus opositores.
Já por aqui se vê o despropósito da comparação e o profundo desrespeito pela instituições democráticas que o proclamado paizinho do regime insiste em revelar. O facto de a passagem transcrita ter sido encontrada no site da Fundação Mário Soares é apenas um pormenor sem especial relevância.