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Delito de Opinião

Sem reparar

Pedro Correia, 08.04.13

1. Apresentou uma moção de censura que sabia antecipadamente condenada ao fracasso dois dias antes do veredicto do Tribunal Constitucional. Sem reparar que oferecia de bandeja a Passos Coelho, nessa data crucial, uma relegitimação política da maioria governamental na Assembleia da República.

 

2. Afirmou-se disponível para ascender desde já ao governo, apressando-se no entanto a declarar que deve ser o Executivo em funções a "resolver o problema" orçamental criado pelo acórdão do TC. Sem reparar que a segunda frase anulava sem remissão a primeira.

 

3. Mandou dizer aos jornalistas que reagiria sem demora à mensagem do primeiro-ministro ao País, mas transferiu afinal essa reacção para o dia seguinte. Sem reparar que deixava assim o terreno livre para que José Sócrates pudesse ditar a táctica ao principal partido da oposição.

7 comentários

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    Advogado do Diabo, 08.04.2013

    Há muito tempo que não lia uma coisa com tanta profundidade: fiquei praí cinco minutos sem respirar! Eh pá...poças!
    P.S. Eu cá acho que não foram as pernas do Herr Schauble que afastaram o PS da coisa; estou mais inclinado prás coxas da Mme Merkell.
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    Pedro Correia 08.04.2013

    Nada elegante, convenhamos.
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    rmg 08.04.2013


    "Nada elegante , convenhamos" é muito elegante , convenhamos .
    Isto só vindo de si .

    Quando para defender ideias pré-concebidas ideológicamente se tem que basear TODO o discurso nas insuficiências físicas da vítima de um atentado político (por pouco que se goste dele) é porque algo não bate bem nem sequer mal - não bate de todo.

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    Anónimo 09.04.2013

    Sem qualquer ar professoral, permita que inicie a tradução de TODO o discurso.
    O discurso gira em torno não das pernas mas da falta de cabeça, que é o que nos falta em termos governamentais e de independência nacional. Ou seja, quem pensa é Schauble, e como é na cabeça que surgem as ordens para que os membros se movam fica explicado o meu discurso.
    Não estou arrependido de ter citado o herr Schauble para usar esta metáfora. E não estou pelas seguintes razões:
    1 - Após o desfecho da crise do Chipre o senhor Schauble, em fanfarroneira típica, à semelhança de várias lideranças alemãs ao longo da história, afirmou que a vontade alemã tinha sido cumprida;

    2 - Muito recentemente fez a afirmação que o problema fundamental residia na inveja que os países tinham da prosperidade e riqueza alemã (mas ele não especificou os termos em que se deu toda essa prosperidade, inclusive o perdão das dívidas de guerra e o não pagamento dos estragos cometidos a outros países). Não citarei mais exemplos.

    Um homem que não é capaz de respeitar a dignidade que habita nos seus semelhantes (salvo seja, e estou a ser mailcioso), e que se arroga de um grande poder sobre os outros, está sempre sujeito a ouvir algo sobre si mesmo (neste caso sobre a conduta de seu país). De tal forma é assim que Marcelo Rebelo de Sousa, muito bem, diga-se, teve de explicar que esta "coisa" da inveja é algo que reside em todos os povos, e acrescentou: "certamente que os judeus alemães, no período da 2ª. guerra mundial, aí residentes, invejavam os outros judeus que se tinham refugiado em Portugal"; e agora acrescento eu: em particular aqueles que se encontravam em campos onde o "harbeit macht frei".

    Ainda durante TODO este discurso, fiz a distinção entre "as pernas de Schauble" e o nosso PR (disse nosso), era o que nos faltava que até o mais alto magistrado da nação (que ocupa um cargo cuja dignidade lhe é atribuída por uma nação) pudesse estar conotado como sendo as pernas de Schauble. Ele que nos lembrou que a constituição não estava suspensa e que referiu sobre uma espiral recessiva. Sobre o meu desapontamento em relação à atitude do PR não vou usar de mais delongas.

    Sobre os exemplos que cito dos comentadores, não pretendi dizer mais que tão somente o que referi, ou seja, seguindo a lógica do que presumo ter sido o raciocínio do Pedro, pretendi dizer que Sócrates poderia estar para o PS na mesma proporção que os demais estavam para o PSD, isto é, que nesta vertente uns e outros poderiam definir as tácticas e ou estratégias, antecipando-se aos líderes. E depois centrei meus pensamentos, interiorizando-os, em algumas frases que de uns e outros ouvi.

    Rmg, se verificar que subsiste alguma explicação para que possa elucidar ainda mais, por favor, não hesite em vir ao diálogo. Esqueça a acusação gratuita e entre, no que não compreende, em diálogo com seus interlocutores.
    Por último, gostaria de lhe dizer que eu não sou uma pessoa que me cole aos ditos discursos "politicamente correctos", porque quem diz assim agir, em regra, não é correcto. E neste país, depois que aqui cheguei, tenho verificado que existe em muita gente públicas virtudes e nos mesmos demasiados pecados privados. Não estou a ser moralista, estou contra os falsos moralistas.
    Sou cristão, por opção e identificação com o Cristo, e sei que o cristianismo não é moralidade, é antes um Caminho que nos ajuda a encontrar, sem a impor, a moral e a ética (sabe o que é a ética? É algo assim: não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.). Sabendo eu que este Caminho nunca está concluído.
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    rmg 09.04.2013


    Como queira .

    Não sei dialogar com quem começa por atirar-me com os dons morais que considera ter e insinua que há coisas que eu não compreendo só porque não lhe bati palmas e achei confusas (e infelizes).










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    Anónimo 09.04.2013

    Pois é, que quer que lhe diga? Quando as sintonias são diferentes o melhor é deixa-las fluir, sem forçar. Teria novamente de transformar o alimento em papa, e não tenho paciêncioa. Cada um vê à sua própria dimensão.
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