Pois é
O presidente do Eurojust, a quem cabe assegurar a ligação entre as investigações britânica e portuguesa no processo Freeport, admite, segundo o semanário Sol, "ter invocado os nomes de Sócrates e Alberto Costa" em conversa com os dois procuradores que o acusam de tentativa de os pressionar a arquivar o caso. Adianta, no entanto que o fez "indevidamente". Matéria que não deixará de ser analisada no processo disciplinar que entretanto lhe foi instaurado pelo procurador-geral da República e pelo Conselho Superior do Magistério Público, que deliberou por unanimidade. Entretanto, os partidos da oposição preparam-se para chamar Lopes da Mota ao Parlamento. O que deve fazer o ex-secretário da Estado da Justiça de António Guterres? Vital Moreira, insuspeito de ser anti-Sócrates, já lhe apontou o caminho. António Vitorino, tão insuspeito como Vital, também. A menos que se prefira a solução irónica preconizada por António Barreto: "Lopes da Mota não deve sair do Eurojust. Não deve suspender o seu cargo. Nem pedir a demissão. Nem ser demitido. (...) Ele é o genuíno e fiel símbolo da justiça portuguesa."
Pois é.
ADENDA: Outro elucidativo retrato da justiça portuguesa: este senhor - "filho do tio" de José Sócrates - falou a um jornalista do Expresso, mas ainda não prestou depoimento ao Ministério Público sobre o caso Freeport apesar de o seu nome ser notícia há muitos meses. E não é certamente por estar incontactável, como se percebe agora melhor que nunca.
ADENDA 2: Compare-se o caso Lopes da Mota com a 'suspensão preventiva' ocorrida no caso Fernando Charrua. Aqui (via O insurgente).