Sócrates
Sócrates parou o país. Literalmente. O telejornal foi um preview da entrevista e pouco mais, como se nada de interessante se passasse no mundo (Obama entregou as secretas a uma mulher? Será notícia? Sismo nas Caraíbas? Adiante...). José Rodrigues dos Santos fez uma espécie de crónica/comentário. A grande reportagem eram os contra e os a favor do ex primeiro-ministro às portas da RTP. Até no Japão, Paulo Portas foi incomodado com a entrevista - o fim do silêncio! - de Sócrates. Respondeu inteligentemente, como é seu timbre, e foi à vidinha e fez muito bem. Os dois entrevistadores, um deles sub director de informação, especialista em economia, não acertaram nos números e não tinham capacidade para... bom, para entrevistar um homem que, para todos os efeitos, anda há muitos anos a virar frangos nesta coisa da política e que, tendo repetido a palavra "narrativa" até à exaustão, arrasou o Presidente da República e nem mencionou o nome do primeiro-ministro (leia-se: não lhe deu importância, simplesmente, o que só prova a falta de carisma que o primeiro-ministro em funções exala). Citou Dante. O meu filho comentou: ena pá, o homem é cultural.
A seguir juntaram-se não sei quantos comentadores - não sei se pro bono, mas que importa isso depois do Sócrates ter dito que "tomava a palavra" a convite e sem receber um tostão? - para falar e analisar a entrevista. Portanto, mais uma vez, Sócrates parou o país. Só conheço outra situação similar: um jogo Benfica-Porto ou Benfica-Sporting.