Balada breve
Batem forte, fortemente,
Nesta invernia sem fim.
É mais chuva, certamente,
E mais vento, e frio silente,
Que gente não bate assim.
Quem bate assim, cegamente,
Com tão estranha malvadeza,
Que bem se ouve, bem se sente?
Além do tempo inclemente,
É o Gaspar, com certeza.
Que quem é mais gastador
Sofra tormentos, enfim.
Mas aos portugueses, Senhor,
Porque lhes dais tanta dor?
Porque padecem assim?
(Augusto Gil revisitado, versão 2013)