As declarações de Ferro Rodrigues.
Estas declarações de Ferro Rodrigues de que as PPP foram "resposta às necessidades do país" demonstram bem a forma irresponsável como os políticos conseguiram afundar o país. Segundo ele, no Governo de António Guterres, “estavam apenas 1000 quilómetros de auto-estrada em serviço. Faltavam construir 2000 quilómetros de auto-estrada”. Traduzido por miúdos: mais de 1% do território do país, que tem 92.000 km2, já correspondia a auto-estradas e os nossos governantes achavam necessário subir essa taxa para mais de 3%, triplicando as auto-estradas já existentes. Aí temos o grande desígnio nacional: transformar o país num jardim de auto-estradas à beira-mar plantado.
Ferro Rodrigues diz estar "tranquilo" com o papel que teve neste processo. As parcerias em causa estavam incluídas no Plano Rodoviário Nacional, que “tinha sido aprovado na Assembleia da República, por unanimidade”, sustentando ainda que “o ambiente económico, financeiro e mesmo político então era diferente”. O problema é que, mesmo tendo sido aprovadas por unanimidade e aclamação, as PPP foram a maior irresponsabilidade alguma vez praticada em Portugal, que ainda hoje estamos a pagar. Mas, para Ferro Rodrigues, “estávamos numa fase em que não era preciso ser sonhador para perceber que o investimento, através de PPP, era correcto e bom para o país. Era preciso ter uma capacidade de previsão, que ninguém teve, para antecipar o pesadelo que tínhamos pela frente”, declarou. E os que erraram desta forma as suas previsões de que um investimento "correcto e bom" era afinal um "pesadelo" não deveriam prestar contas do descalabro em que fizeram cair o país? Não é isso o que sucede em qualquer empresa privada?