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Delito de Opinião

As declarações de Ferro Rodrigues.

Luís Menezes Leitão, 07.03.13

 

Estas declarações de Ferro Rodrigues de que as PPP foram "resposta às necessidades do país" demonstram bem a forma irresponsável como os políticos conseguiram afundar o país. Segundo ele, no Governo de António Guterres, “estavam apenas 1000 quilómetros de auto-estrada em serviço. Faltavam construir 2000 quilómetros de auto-estrada”. Traduzido por miúdos: mais de 1% do território do país, que tem 92.000 km2, já correspondia a auto-estradas e os nossos governantes achavam necessário subir essa taxa para mais de 3%, triplicando as auto-estradas já existentes. Aí temos o grande desígnio nacional: transformar o país num jardim de auto-estradas à beira-mar plantado.


Ferro Rodrigues diz estar "tranquilo" com o papel que teve neste processo. As parcerias em causa estavam incluídas no Plano Rodoviário Nacional, que “tinha sido aprovado na Assembleia da República, por unanimidade”, sustentando ainda que “o ambiente económico, financeiro e mesmo político então era diferente”. O problema é que, mesmo tendo sido aprovadas por unanimidade e aclamação, as PPP foram a maior irresponsabilidade alguma vez praticada em Portugal, que ainda hoje estamos a pagar. Mas, para Ferro Rodrigues, estávamos numa fase em que não era preciso ser sonhador para perceber que o investimento, através de PPP, era correcto e bom para o país. Era preciso ter uma capacidade de previsão, que ninguém teve, para antecipar o pesadelo que tínhamos pela frente”, declarou. E os que erraram desta forma as suas previsões de que um investimento "correcto e bom" era afinal um "pesadelo" não deveriam prestar contas do descalabro em que fizeram cair o país? Não é isso o que sucede em qualquer empresa privada?


9 comentários

  • São perfeitamente comparáveis. Se tenho 3.000 km de auto-estrada, mesmo que a área não seja essa, não deixa de existir uma auto-estrada nessa percentagem do território nacional. E o impacto da auto-estrada não é só dado pela área de alcatrão.
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    João Jesus Caetano 07.03.2013

    Caro Luís Leitão,

    Você só pode estar a brincar. Independentemente da sua opinião sobre as PPP e os impactos positivos ou negativos de uma rede de auto-estradas mais abrangente, o que o Luís Lavoura e outros lhe estão a chamar a atenção é para o disparate do seu raciocínio quando compara a extensão (linear) das auto-estradas com a superfície do território nacional.

    Comprimento total das auto-estradas (antes das PPP): 1.000km
    Largura (média) das auto-estradas: 30m = 0,03km
    Área ocupada pelas auto-estradas: 30km^2
    Área de Portugal: 90.000km^2
    Área das auto-estradas em percentagem da área do território nacional: 0,03%

    Percebeu agora?
  • O que está a referir é a área de construção das auto-estradas. Não foi essa a referência que quis fazer. Mas mesmo com os seus dados, coloque 3.000km de auto-estradas, e tem 0,09% do país construído em auto-estrada. Agora pense no impacto que o km da auto-estrada que foi construída tem no km2 de terreno em que é inserida. Não terá seguramente muitas aldeias, vilas. ou cidades nesse km2. É por isso que me parece simplista relacionar a auto-estrada apenas com a sua área de construção. Em qualquer caso, 3.000km2 de auto-estrada é excessivo para um país de 92.000km2.
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    João Jesus Caetano 07.03.2013

    Ai, homem, que raio! Não há 3.000km^2 de autoestradas! Há 3.000km de extensão linear de autoestradas, o que corresponde a 90km^2 de área ocupada pelas auto-estradas.

    Enquanto não perceber isto, é impossível discutir o resto.
  • Se julga que o km de auto-estrada não tem qualquer impacto no terreno circundante, não sei que lhe diga. Já ouviu falar das servidões "non aedificandi" à volta das auto-estradas? É que sem ponderar estes aspectos, não vale a pena discutir.
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    João Jesus Caetano 07.03.2013

    Oui, sei o que é. Vá, multiplique tudo por um factor de 4 (estou a ser simpático). Chega a uma área ocupada (alcatrão + bermas + não edificação) de 0,4%. Tem que se esforçar mais uma ordem de grandeza para chegar aos 3%.

    Agora a sério, ainda não percebeu que os cálculos no seu post são disparatados porque comparam duas grandezas com dimensões diferentes?
  • O seu factor 4 não tem nada de simpático. O que eu leio no art. 3º, nº1, a) do Decreto-Lei 294/97 quanto ao "non aedificandi" nas auto-estradas é "desde a aprovação do estudo prévio até à aprovação da planta parcelar do projecto de execução, 200 m para cada lado do eixo da estrada e centrado em cada nó de ligação, um círculo com 1300m de diâmetro".
    Esta ordem de grandeza está mais perto do seu cálculo ou do meu?
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    João Jesus Caetano 07.03.2013

    Luís, a sério, não se esforce mais. Está a ler a alínea errada do DL. Leia com atenção o que está escrito em b) e (talvez) perceberá que o factor de 4 é simpático, sim.

    Mas, olhe, não vale a pena continuarmos nisto. O seu artigo tem um erro de facto. Um erro grave que você não foi capaz de corrigir. É um desrespeito pelos seus leitores manter aquela afirmação no post.
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