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Delito de Opinião

A solução para a situação do Sporting

jpt, 26.02.13

(Um texto para o ma-schamba que aqui reproduzo, a minha contribuição para o actual momento eleitoral do Sporting Clube de Portugal)

 


 

 

Como abaixo anunciei desloquei-me a Nampula para cumprir uma já antiga promessa, a de cortar cabelo e aparar barba nesta barbearia "Alvalade XXI", sita no bairro Namutequeliwa, se o Sporting eliminasse - como veio a eliminar - o arábico Manchester City. Algo que me pareceu urgentemente necessário, ainda que sendo eu um incréu, dado o aziago percurso que o amado clube tem tido desde este meu incumprimento de ajuramentado.

 

Acontece que desconsegui vislumbrar o prestigiado estabelecimento. Percorri o bairro, acima e abaixo, primeiro de carro, depois calcorreando ruas e ruelas, sem que encontrasse quem me pudesse aconselhar, pois nem transeuntes, nem polícias, nem comerciantes, nem mesmo os inúmeros colegas barbeiros (e salões de cabeleireiros, os quais são, como se sabe, uma "indústria de serviços" florescente) me souberam ajudar, alguns dos quais até me olhando com condoído ar, nisso aparentando suspeitar da minha saúde.

 

Cabisbaixei-me. Que fazer?, como diria o russo. Ir até ao afamado clube "Sporting" de Nampula não seria opção, bem central edifício que é, assim sem exigir relevante esforço para ser frequentado, e como tal não me eximindo da condição de "pagador de promessas". Para mais um "Sporting" hoje em dia mero menos-que-sofrível restaurante -  e onde os gerentes mandam acumular o lixo no interior do recinto comensal, exactamente na porta de entrada, qual comité de boas-vindas aos clientes, uma particularidade única que nunca encontrara em quase 17 anos de frequência de restaurantes moçambicanos. "Peculiares patrícios", terei eu resmungado, enquanto mastigava os catastróficos nacos de nervos pomposamente intitulados "bife importado" ... Por estas e por outras, concluí, é que o Godinho Lopes quase atirou o clube para a segunda divisão.

 

Bem, regresso à minha via de peregrino. Cruzado e recruzado Namutequeliwa sem atingir a "Alvalade XXI" aceitei a hipótese da barbearia ter encerrado, mudado de ramo, ter o "nosso" barbeiro partido para outras paragens. Ou ter sido trespassada, e logo repintada, como é usual no ramo, com as garridas cores encarnadas da VODACOM ou canarinhas da MCEL. Ou, mesmo, naquele recente alaranjado pouco-mecânico da vietnamita MOVITEL, bem crescente a Norte.

 

 

 

Mas vozes amigas (e contento-me por ter bons amigos naquele Norte) ajudaram-me. Que peregrinasse eu a Angoche, recomendaram. Que seria um árduo caminho, algumas vias intransitáveis, outras quase assim mesmo, que as chuvas têm devastado a terra (pouco) batida. Mas que por lá encontraria um resistente e persistente "Sporting", onde poderia eu, à falta da opção inicial, ressarcir-me do meu incumprimento, libertar-me da desonra vigente.

 

Assim fiz. E meti-me ao longo caminho, em prolongada agressão à espondilose. Horas passadas alcancei a belíssima Angoche, terra mais-do-que-recomendável, e tão esquecida está ela. E logo, no seu centro, encontrei este aprazível recinto, condignamente pintado.

 

 

Este mesmo, o "bar restaurante residencial Sporting", ali herdeiro, talvez avatar, de um antigo clube Sporting de Angoche (ou de António Enes, ou de Parapato, não tenho a certeza sobre o nome do velho clube desportivo). Logo entrei, feliz, dessedentando-me. Depois de algumas "Impalas", acompanhadas de resumos de futebol europeu na pequena TV sobre o balcão, um luxo para os parcos clientes, visitei as instalações.

 

Para aqui, tão longe dos centros mediáticos, encontrar a solução para os problemas do Sporting. Não deixei de compreender que todo este longo percurso me foi imposto, talvez pelo acaso, talvez pelo desígnio, para desvendar a situação, para poder anunciar à nossa "nação sportinguista" esta solução, a simbiose perfeita para nos alegrar o futuro e sossegar o presente, o elixir que a secular sabedoria angochiana (coti?) nos apresenta:

 

 

 

(para melhor compreensão)

 

 

Bastará seguir o paradigma de Angoche. Que o milagre (a ressuscitação?) acontecerá. Inevitavelmente!

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