Non habemus Papam
Vi, ao vivo, três Papas. Paulo VI em Roma (1978), João Paulo II em Lisboa (1982), Bento XVI também em Lisboa (2010). Sempre associados a um magistério que só terminaria com o desaparecimento físico de qualquer deles. Nunca imaginei que fizesse sentido a expressão "Papa demissionário".
Já faz, desde esta manhã.
Num tempo em que qualquer irrelevância se torna manchete, eis-nos perante uma verdadeira notícia. E se o romance As Sandálias do Pescador, de Morris West, antecipou em década e meia o pontificado de Karol Wojtyla, o homem que emergiu da igreja do silêncio, a renúncia de Joseph Ratzinger era de algum modo prenunciada há dois anos num filme visionário: Habemus Papam, de Nanni Moretti.
Ficção e vida entrelaçadas, tornando ainda mais insondáveis os desígnios de Deus.