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Delito de Opinião

Um certo Abraham Lincoln

Helena Sacadura Cabral, 10.02.13


Devo confessar que me não entusiasmava muito ir ver o Lincoln. Mas como todos estavam interessados e eu adoro deslocações em bando familiar lá fui.

O filme, baseado no romance "Team of Rivals: The political genius of Abraham Lincoln", de Doris Goodwin, é realizado por Spielberg e centra-se nos últimos quatro meses de vida do Presidente, nomeadamente na sua luta pela 13ª Emenda que ilegaliza a escravatura e fim da Guerra Civil Americana.

Conta com um belíssimo naipe de actores de que destaco em particular uma Sally Fields espantosa, um Tommy Lee Jones no seu melhor e um David Strathairn impecável. Qualquer destas interpretações, sendo embora secundárias, emprestam ao filme uma aurea muito particular.

Resta o inglês Daniel Day-Lewis, um grande actor, com quem não simpatizo porque "absorve" todos os papéis que desempenha. Ora aqui é, de novo, isso que sinto. Ele cola-se de tal modo a Lincoln que é impossível dissociar um do outro. Trata-se de um desempenho fora de série, mas para mim é excessivo. Não sei dizer melhor!

A história remete-nos para a luta que permite que a América tenha, hoje, um Presidente como Obama e ajuda-nos a compreender - sobretudo àqueles que como eu, assistiram à marcha do Black Power - as razões pelas quais isso se tornou possível.

Duas notas finais importantes. Uma, a de Spielberg não esconder que para a escravatura acabar, houve que corromper. Outra, a estranha coincidência de, naquele país, os presidentes mais progressistas acabarem assassinados...

É necessário ver o filme e é possível que ganhe vários Óscares de interpretação. Duvido que ganhe na realização. Gostei de ter ido, mas algo gorou as minhas expectativas. O mais certo é que tenha sido o facto de ali se perceber muito bem como funciona a máquina do poder político. E de ela me desagradar profundamente...

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