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Delito de Opinião

A sucessão de Beatrix

João André, 29.01.13

 

Ontem a Rainha Beatrix da Holanda (não gosto da "tradução" de nomes, mesmo de monarcas) comunicou ao país que no dia 30 de Abril, o dia da Rainha, abdicaria do trono em favor do filho mais velho, Willem-Alexander. A razão invocada foi o seu 75º aniversário e os 200 anos da Holanda como país. Nos seus 33 anos de reinado, Beatrix conseguiu construir uma influência determinante para a harmonia do país. Não tendo muitos poderes reais, Beatrix será hoje a mais influente figura política do país. Mesmo no mundo a sua influência não é de desprezar, sendo desde há muito participante assídua das conferências Bilderberg, as quais tiveram como figura fundadora o seu pai. A sua abdicação era já prevista há vários anos (era mesmo um dos tópicos permanentes das previsões de início de ano) e tornou-se ainda mais provável quando o seu filho Friso ficou em coma após ser soterrado por uma avalanche em 2012.

 

A maioria dos holandeses parece estar algo triste com o afastamento da rainha Beatrix. Trata-se de uma monarca popular e geralmente considerada como bastante inteligente. Tais virtudes são ainda mais exaltadas quando colocadas em comparação com as do filho, Willem-Alexander, que é visto como não particularmente inteligente, desinteressante (Máxima, a sua mulher, ter-lhe-à emprestado alguma cor) e como alguém que deixa a população algo indiferente.

 

As minhas impressões pessoais vão no mesmo sentido, mas claro que apenas o futuro o dirá. Seja como for, este episódio de sucessão ilustra bem o anacronismo de um sistema que, em pleno século XXI, continua a deixar que uma pessoa possa decidir sozinha quem será o futuro chefe de estado de um país, baseando-se essencialmente no facto de ser o seu filho mais velho. Esta falta de entusiasmo por Willem-Alexander apenas sublinha o quão caricato é o caso. Não vejo quaisquer mudanças no horizonte próximo, mas talvez uma futura sucessão em Inglaterra comece a trazer estas discussões mais à baila nas monarquias europeias.

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