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Delito de Opinião

A infância do 3D

João André, 28.01.13

 

Não sei se sou só eu, mas a verdade é que começo a detestar o 3D no cinema.O seu uso, desde Avatar, tem estado destinado aos filmes de acção e/ou aventura. Filmes com muita bordoada e explosões, onde os realizadores nos possam fazer encolher no assento quando uma bala ou estilhaços voam na nossa direcção. À primeira funciona, à segunda pisca-se os olhos e à terceira encolhe-se os ombros. A partir daí para nada serve.

 

Este hábito do 3D deixa-me ainda mais incomodado em filmes onde a fotografia é importante. Vi o Hobbit e, passados os primeiros minutos, dei por mim a tirar os óculos para poder apreciar as paisagens de fundo, que por o serem não eram distorcidas sem óculos. É verdade que o sistema de 48 imagens por segundo melhora a resolução, mas ver a maquilhagem dos actores não acrescenta muito à experiência.

 

Já nos filmes mais simples, baseados na história e no drama ou comédia, o 3D não tem sido usado. E é aqui que estranho as opções dos realizadores. Num filme de acção tudo se passa depressa demais para apreciar os diferentes níveis de detalhe. Num filme romântico (por exemplo) é que seria interessante ver o efeito do 3D em ambientes lentos, feitos de gestos, olhares e posições relativas. Para quem estranhe a perspectiva, peço que se imagine o simples gesto de estender uma mão para a face de outra pessoa e como o 3D nos tornaria cúmplíces desse gesto. Far-nos-ia entrar na acção, que é o que se pretende. Veja-se a imagem que encima o post e imagine-se o efeito que poderia ter em 3D.

 

Verdade que o 3D é uma ferramenta ainda criança no que diz respeito ao seu uso no cinema. Também o som demorou a ser usado correctamente e o contributo da cor só passado algum tempo foi verdadeiramente explorado por novos cineastas com uma visão para lá da da novidade. Espero que a história aqui se repita.

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