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Delito de Opinião

Austeridade vs Reforma

José Maria Gui Pimentel, 18.01.13
Ouvia há pouco uma peça noticiosa que retratava a suposta incoerência de um dos autores do polémico relatório do FMI. Este "técnico", que há poucos meses se havia manifestado veementemente contra as medidas de austeridade aplicadas na Europa, vinha agora, despudoradamente, argumentava a reportagem da TVI, defender precisamente mais austeridade.

Não é assim.

O que o relatório do FMI defende não é austeridade: é reforma do Estado. Embora o efeito de ambas no curto-prazo seja o mesmo -- recessão -- não são de todo a mesma coisa. Austeridade são as medidas temporárias que o Governo entende tomar para fazer face a um ciclo adverso; disto são exemplo os "brutais" aumentos de impostos, ou os cortes nos subsídios (se se admitir que são temporários). Já Reforma são as medidas de reestruturação do Estado: permanentes e, mais importante do que isso, inevitáveis. Isto porque se toma essas medidas com a noção de que o Estado, tal como está, é insustentável. 

Sendo esta Reforma inevitável, deve sem dúvida  haver uma discussão séria e detalhada sobre como a levar a cabo. Mas "pintá-la" como um aperto de cinto temporário e evitável é ignorância ou, pior, pura desonestidade intelectual*.

*A não ser que se acredite, com a extrema-esquerda, que existe um método indolor de reestruturar o Estado (atacando o "grande capital", etc...). Nesse caso é apenas ignorância. 

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