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Delito de Opinião

Em jeito de abraço

Fernando Sousa, 16.01.13

Era culto sem espalhafato, ladino e mordaz, e, a par disso, um ser leal e atento e um homem sem vergonha da doçura. Daí termos ficado cúmplices sem saber de quê. A sua ironia às vezes incomodava-me mas o seu humor repunha a qualidade das tantas conversas que tivemos, olhos nos olhos, dos Açores a Gaia, que era como gostava de olhar para o mundo e as pessoas. Ofereceu-me das melhores gargalhadas que já dei quando, uma vez, a meio da doença, o acompanhei a mudar um penso, e, à pergunta da recepcionista da clínica sobre o nome, respondeu prontamente e com o ar mais sério do mundo: “Júlio Machado Vaz.” Não me aguentei. “É que às vezes nos confundem.” E ele a seguir, que também gostava de rir, gargalhou também. Gostava de falar, mas ouvia como vivia: com a alma toda. Firme nos seus motivos, sabia ainda perder - "Touché". Ele era assim, o João, um amigo cheio, de quem me recuso a despedir. Até porque tínhamos combinado, há poucas semanas, um café para um dia destes...

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