Modo de Vida (33)
Lembro-me que quis calar a cidade e suspender os movimentos, fazer de tudo uma estátua. Havia um céu enorme, desmanchado em luz, que quis desligar. E não consegui esquecer os eléctricos que passavam, levando e trazendo pessoas com destino. Aparentemente o Mundo convivia bem com o mais trágico dos acontecimentos, abrindo a ferida, para usar um eufemismo. E fiquei a pensar na cobardia do Mundo perante a morte. Volto aqui sempre que me morre alguém e dou comigo a pedir desculpa por, também eu, participar dessa cobardia. À família e aos amigos do João, um enorme abraço.