Passos, o cómico.
Ao assistir à comunicação de hoje à noite do Primeiro-Ministro a procurar inspirar os portugueses e incutir optimismo para um ano que vai representar a maior crise de sempre, só me vieram à memória dois episódios. O primeiro foi a reacção da França nos primeiros meses da II Guerra Mundial. O país lançou um slogan que dizia: "Vamos vencer porque somos os mais fortes". Três semanas depois Hitler entrava em Paris. O segundo foi o célebre ministro da propaganda de Saddam Hussein que garantia estar o Iraque a esmagar as tropas americanas às portas de Bagdad. Ficou conhecido pelo nome de "Ali, o cómico", embora os iraquianos não lhe devam ter achado graça absolutamente nenhuma. Passos Coelho tem uma atitude semelhante, proclamando que "ainda não podemos declarar vitória sobre a crise, mas estamos hoje muito mais perto de o conseguir", quando o país cada vez mais se enterra. Merece justamente o cognome de Passos, o cómico. O problema é que isto aos portugueses também não dá nenhuma vontade de rir.