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Delito de Opinião

Vamos brincar à demagogiazinha

Pedro Correia, 10.11.12

Não sei se havia pobres na convenção do Bloco de Esquerda que hoje elegeu uma liderança bicéfala (ou paritária, em politiquês correcto). Mas, segundo os relatos da imprensa, não faltaram vaias à presidente do Banco Alimentar contra a Fome, um dos organismos que mais tem socorrido os pobres em Portugal - não com palavras mas com actos concretos, generosos, solidários. Os verdadeiros pobres, os de carne e osso - não os pobres dos discursos destinados a aliviar boas consciências e a desempoeirar a ideologia - sabem a que porta hão-de bater quando precisam. E o Banco Alimentar contra a Fome é uma delas.

"Sei que nos chamam radicais por querermos correr com a 'troika' desde o dia zero. E agora quando vemos uma senhora do movimento nacional feminino [Isabel Jonet] a brincar à caridadezinha o que lhe vão chamar?", disse Francisco Louçã na sua última intervenção como líder do Bloco, numa das tiradas mais demagógicas que alguma vez lhe ouvi e em nada condizente com o seu recente discurso de renúncia como deputado à Assembleia da República.

É demasiado fácil, para um político tão bem-falante como Louçã, fazer demagogia com alguém que não se distingue pelo dom da palavra mas pela dádiva do seu exemplo. Seis minutos de declarações inábeis, num debate em directo na televisão, não podem apagar 20 anos de serviço à causa pública. "Aproveitar onde sobra para distribuir onde falta" num país onde um quinto da população vive abaixo do rendimento mínimo é o lema do Banco Alimentar, distinguido em 2005 - por unanimidade - com o Prémio Direitos Humanos da Assembleia da República.

Nessa altura, não consta que Louçã e os seus pares tivessem assobiado Isabel Jonet.

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