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Delito de Opinião

Amália Ontem

Ana Vidal, 07.05.09

 

Acabei de ouvir uma coisa que dá pelo nome pomposo de "Amália Hoje", e fiquei siderada. Não consigo chamar-lhe outra coisa que não seja uma "coisa". É tão mau que dói. Os melhores temas de Amália (a de ontem, a de sempre) são barbaramente assassinados por um trio modernaço, que ainda por cima tem o topete de dizer, no comunicado de apresentação do cd, entre outras solenes enormidades: "(...) atrás das letras, do tom triste e melancólico, havia melodias, que queriam mais espaço que umas tristes duas guitarras". O resto é no mesmo tom altivo e pateta, além de profundamente desconhecedor do que significa Amália, o Fado e a guitarra portuguesa. Para esta gente, só a música pop tem valor.

 

Em "Foi Deus", agora travestido de pop, até a letra está adulterada, ou a vocalista enganou-se e achou que não valia a pena emendar. Canta: "E deus-me esta voz a mim"... Se por acaso é um trocadilho propositado, então, nem classifico.

 

Não me tomem por velho do Restelo: sou pelas fusões e experimentalismos na música, incluindo o Fado. E até penso que a Amália, que tanto inovou e provocou no seu tempo, acharia a maior graça a essas fusões.  Mas o mínimo que se exige é qualidade, palavra que não se aplica a esta "coisa". Ou se inova com qualidade ou é melhor estar quieto, e estes três não tiveram talento para ficar quietos. Só tiveram pretensiosismo e mau gosto. É pena. Resta-me esperar que o ruído deste gift envenenado não chegue ao Panteão.

 

Nota: Parece que não estou sozinha nesta tristeza. Aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, pelo menos, também não gostaram.

 

2 comentários

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    Ana Vidal 07.05.2009

    Não ouças, vais gostar ainda menos.
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