Parabéns, Agustina
É uma data marcante para a cultura portuguesa: Agustina Bessa-Luís faz 90 anos e, embora doente, encontra-se entre nós. A melhor prenda de aniversário que lhe poderíamos dar hoje seria ler algumas das muitas páginas que nos legou em mais de meia centena de livros. Lamentavelmente, isso quase só pode acontecer recorrendo a edições antigas, em certos casos mesmo apenas junto de alfarrabistas: a nossa maior escritora viva deixou de ter uma editora à medida do seu prestígio. Não há títulos seus em livros de bolso, a preços acessíveis. E, muito pior, a assumida divulgação das suas obras completas não passou afinal de um projecto abortado.
A história, relatada com minúcia aqui, devia envergonhar quem lhe fez promessas que não cumpriu. No fundo, envergonha-nos a todos. Por ser este também, de alguma forma, um certo retrato de Portugal - um país que nunca soube apreciar devidamente os seus talentos.
Parabéns, Dona Agustina. Eu vou lê-la hoje, dê por onde der.