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Delito de Opinião

Comentários nocivos, batalhas a ganhar

Patrícia Reis, 07.10.12

Quando comecei a trabalhar tinha 17 anos, pouco depois fiz 18. Era O Independente. Respondi a um anúncio e entrei por provas. Fui a única que entrou assim. Aprendi muito, esfolei-me, ri e chorei e ouvi coisas que achei impossíveis. As redacções de jornal não são lugares de grande elevação moral, portanto era muito fácil maldizer a rapariga que por ali trabalhava que nem uma moira. Fui enfiada em várias camas. Várias de pessoas que nem conheço. Homens e mulheres. Quando assumi a minha primeira relação amorosa digna desse nome, alguém me disse, um jornalista do Expresso: não percebo o fascínio que as raparigas têm com os homens cuja sexualidade é duvidosa. Nada me podia doer mais, estava apaixonada. Passou.

Fui aprendendo a defender-me até ao momento em que, passados 26 anos de trabalho activo e muito produtivo  (bom e mau, evidente), tenho de explicar aos meus filhos como é que podem ofender ou insinuar coisas sobre mim que não são reais, próximas da verdade. Não sou - nem de perto, nem de longe - a única mãe nestas condições e, felizmente, não sou uma figura que aparece nas revistas ou na televisão dia sim, dia não.

E vem tudo isto a propósito do quê? Muito simples: comentários sem sentido, cheios de uma hostilidade que me faz pensar que o grande elixir da felicidade para algumas pessoas é mesmo o dizer mal, é ser mesquinho, é não saber o significado da palavra empatia. Pior: há pessoas que, por não concordarem connosco, limitam-se a atacar e, muitas vezes (a maioria) sem procurar fundamentos para o tal ataque. São gratuitos na sua brutalidade e estupidez. Ora, é muito saudável concordar que discordamos. É muito bom discutir ideias e não atacar simplesmente. Alguns dos comentários deixados neste blogue, no meu blogue pessoal, no meu mural do Facebook são tão desprezíveis que me envergonham.

Claro que haverá sempre quem não tenha vergonha na cara ou tento na língua. As redes sociais são maravilhosas como forma de partilha. Como arma de ataque são uma cobardia se forem apenas isso: ataque. Posso perder esta batalha e continuar a insistir em algo incrível que é a minha ingenuidade e crença nas pessoas, mas, caramba, a guerra é feita de muitas batalhas e, no fim, não vou estar sozinha. 

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