Europeias (15)
SEGUNDAS-FEIRAS AO SOL
Esta campanha para as eleições europeias está contaminada pela crise económica. E, dentro da crise, o debate centra-se na grande questão política do momento que atravessa todo o continente: o dramático aumento do desemprego. Em nenhum país estas cifras são mais dramáticas do que em Espanha, o principal parceiro económico de Portugal. Nesta matéria, a sensação dominante é que o Executivo de José Luis Rodríguez Zapatero, ainda há um ano apontado como um exemplar governante de centro-esquerda e um expoente do “verdadeiro” socialismo, se encontra à beira do colapso. E a afundar o país com ele. O número de desempregados em Espanha ultrapassa, pela primeira vez, os quatro milhões de pessoas – cifra nunca antes atingida desde que estas estatísticas começaram a ser divulgadas com regularidade no país vizinho, em 1976. A taxa de desemprego espanhola atinge os 17,36% da população activa – de longe a maior da Europa na actualidade. E, soube-se hoje, a Comissão Europeia já prevê que esta percentagem suba para 20,5% no próximo ano.
Como sublinha o El Mundo, com Zapatero assiste-se à retirada diária de 8920 trabalhadores do mercado laboral – ao ritmo de seis novos desempregados por minuto e 400 por hora. Catalunha, País Valenciano e Múrcia duplicaram o número de desempregados num ano. Na Andaluzia, a taxa de desemprego disparou já para os 24%. “Entre Janeiro e Março de 2009 destruiram-se 766 mil postos de trabalho, a pior cifra da História”, salienta o El Mundo. Pior do que na Alemanha de 1974, gravemente afectada pelo choque petrolífero que então provocou 945 mil novos desempregados – em Espanha, no ano passado, houve 999.416. Pior ainda do que a catastrófica República de Weimar, que antecedeu a chegada de Hitler ao poder em Berlim. Entre o início de 1932 e o início de 1933, a Alemanha pré-nazi registou 1.300.000 desempregados – número claramente inferior aos 1.836.500 desempregados da Espanha “socialista” de 2008.